A ansiedade, eleita a palavra do ano em 2024, reflete um fenômeno global, mas que impacta as mulheres de forma desproporcional segundo a empresária Simone Resende, especialista em comportamento empresarial. Nesta entrevista, ela explica como fatores biológicos, sociais e corporativos contribuem para essa realidade e propõe estratégias para enfrentá-la. “Enfrentar a ansiedade exige uma combinação de esforços individuais e coletivos. Precisamos de mais empatia e menos cobrança, tanto de nós mesmas quanto da sociedade. Juntas, podemos transformar os desafios em oportunidades de crescimento e equilíbrio”, ressalta.
Terapeuta pelo Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH), Simone é formada em ciências econômicas e direito pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Com certificações em master coach pela Federação Brasileira de Coaching Integral e Sistêmico (Febracis), é pratictioner em programação neurolinguística (PNL) e treinadora comportamental pelo Instituto Lyouman. Realiza o projeto Mulheres Líderes de Si há 3 anos, ajudando mulheres de todo o Brasil no seu desenvolvimento pessoal e profissional. Criadora do Método ICE (inteligência emocional, comportamentos e estratégias para o sucesso).
Quais fatores aumentam a ansiedade das mulheres?
Aspectos biológicos, como oscilações hormonais decorrentes do ciclo menstrual, gravidez, pós-parto e menopausa, aumentam a vulnerabilidade feminina à ansiedade. Somados a isso, níveis mais elevados de cortisol em resposta ao estresse e uma sensibilidade acentuada ao ambiente contribuem para o quadro. No ambiente social, expectativas irreais impostas às mulheres, como a necessidade de ser multitarefas e atender a padrões de perfeição, ampliam a pressão e agravam a ansiedade.
No ambiente corporativo, a desigualdade salarial, a baixa representatividade feminina em cargos de liderança e a falta de oportunidades de crescimento são fatores que elevam os níveis de ansiedade entre as mulheres no trabalho. A cobrança excessiva para equilibrar desempenho profissional e expectativas sociais é uma das principais fontes de desgaste emocional.
Por sua vez, mulheres em posições de liderança enfrentam cobranças internas e externas intensas. A necessidade de equilibrar papéis de gestora e responsabilidades familiares, além de provar sua capacidade em um ambiente ainda dominado por homens, eleva o nível de autocrítica e ansiedade.
De que forma é possível equilibrar vida pessoal e profissional?
A sobrecarga de responsabilidades em casa e no trabalho é um fator determinante. Encontrar um limite saudável é essencial para preservar o bem-estar emocional. Ninguém pode dar conta de tudo sozinho.
Quais são as mudanças comportamentais necessárias para enfrentar a ansiedade?
Enfatizo a importância do autoconhecimento e da regulação emocional. Técnicas como respiração consciente, mindfulness (atenção plena) e definição de limites podem ajudar. Participar de grupos de apoio também é uma ferramenta valiosa para compartilhar experiências e reduzir o isolamento.
Quais são as estratégias empresariais indicadas para apoiar as mulheres?
As empresas têm um papel crucial na redução da ansiedade feminina. Sugiro implementar horários flexíveis e opções de trabalho remoto; oferecer sessões de terapia, coaching e atividades de meditação; promover treinamentos em inteligência emocional; criar um ambiente de trabalho empático, liderado por gestores que valorizem as contribuições femininas; reconhecer o trabalho das mulheres com feedbacks positivos; disponibilizar espaços de autocuidado para alongamentos e yoga.