A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a depressão como um transtorno psicológico grave e amplamente prevalente.
Estudos epidemiológicos revelam que a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil é de aproximadamente 15,5%.
No entanto, uma pesquisa de 2019 indica que essa taxa pode chegar a até 50% entre pacientes com Esclerose Múltipla (EM), sendo três vezes mais comum do que na população geral.
Ela pode estar associada à diminuição da interação social, aumento do risco de uso excessivo de álcool, aumento dos níveis de dor, afetando as habilidades cognitivas.
Progressão da doença
Entre as consequências encontramos a qualidade de vida dos pacientes de EM afetada, a incerteza sobre a progressão da doença, o medo da dor e da incapacidade, a imprevisibilidade da doença, além dos sintomas do transtorno psicológico.
Ao receber o diagnóstico de Esclerose Múltipla, é crucial seguir alguns passos. O neurologista especialista em EM, Dr. Matheus Wasem, orienta que o primeiro passo é manter a calma. “É fundamental parar, refletir, encontrar um neurologista especialista em EM que possa acompanhá-lo e orientá-lo nos melhores caminhos para controlar a doença”.
O Dr. Matheus Wasem compreende que é necessário tomar cuidado com a sobrecarga de informações e de conteúdos que podem surgir neste momento e saber filtrar o que é realidade e o que é exagero. “Manter os pés sempre no chão, confiar na equipe profissional e fazer a sua parte no dia a dia. Esse é o segredo do sucesso para controlar a EM”.
“Ansiedade é um problema muito comum. Mais ou menos 30% de toda a população sofre com esse quadro. Essas taxas são ainda maiores naqueles que enfrentam a Esclerose Múltipla, pois trata-se de uma doença neurológica, autoimune e imprevisível”. Esclarece o Dr. Matheus Wasem sobre o transtorno psicológico.
Desafios do diagnóstico
Após o diagnóstico de Esclerose Múltipla, o próximo desafio que o paciente enfrenta é a liberação de seu tratamento. O Dr. Matheus Wasem explica que na rede privada existem medicações que não existem na rede pública, como Ocrelizumabe (Ocrevus) e Ofatumumabe (Kesimpta).
Além disso, os protocolos de acesso às medicações na rede pública costumam ser mais demorados e também mais rigorosos do que os protocolos de acesso aos mesmos tratamentos pela rede privada. “Muitas vezes, enfrentar as burocracias da saúde pública/privada por causar ao paciente mais danos, problemas e preocupações do que a própria doença”.
Uma das necessidades mais importantes é que o paciente tenha uma rede de apoio sólida, amigos e familiares que ele possa contar no dia a dia e também nos momentos de dificuldade. “Quando surgem diagnósticos formais, como ansiedade e depressão, alguns profissionais também serão necessários, como o psicólogo e o psiquiatra. Mas a gente percebe no dia a dia do consultório que aqueles pacientes que tem uma rotina de vida mais saudável, mais social, com a manutenção de hobbies, trabalhos e atividades de lazer, costumam desfrutar de melhor saúde mental e também melhor controle da própria Esclerose Múltipla”. conta o Dr. Matheus Wasem.