Em um mundo permeado por pressão e expectativas, a Síndrome do Impostor emerge como uma sombra que muitos enfrentam silenciosamente.

Caracterizada pela sensação de inadequação e pela crença de que o próprio êxito é resultado de sorte ou engano, essa condição psicológica desafia a autoconfiança de diversos profissionais.

Autossabotagem não oficial

Essa síndrome não está oficialmente catalogada no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). No entanto, em contextos médicos e de psicopatologia, o sinal revela características relacionadas à autossabotagem.

Geralmente, ela afeta indivíduos qualificados, que, apesar de seu alto desempenho, duvidam de sua própria competência.

As pessoas, mesmo reconhecidas por outras, tendem a sabotar seu próprio trabalho, temendo possíveis falhas ou insucessos.

Impacto da insegurança

Essa insegurança impacta diretamente na motivação e na capacidade de influenciar positivamente a si mesmo e aos demais.

“Por exemplo, um engenheiro competente pode ser abalado por um pequeno erro, reforçando a crença de que é incompetente e incapaz. Isso é chamado de pensamentos disfuncionais e representa uma visão negativa de si mesmo, fazendo com que a pessoa questione sua competência e suas habilidades. Essa autossabotagem ocorre quando, mesmo diante de um trabalho bem executado, o indivíduo se autocondiciona a acreditar que não é capaz, prejudicando sua autoestima e percepção do próprio desempenho”, explica o psicólogo e professor do curso de Psicologia do UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau Paulista, Cleyson Monteiro.

É relevante destacar que os profissionais afetados pela Síndrome do Impostor, frequentemente, possuem elevado nível de qualidade, entrega e formação acadêmica.

Rigidez cognitiva

Caracterizados por uma rigidez cognitiva, eles impõem altas expectativas em si, sendo suscetíveis à frustração diante de qualquer deslize.

“O trabalho do psicoterapeuta concentra-se na gestão dessas emoções, enfrentando resistências à frustração e, especialmente, cultivando a capacidade de automotivação e uma percepção mais realista do ‘eu’. Reconhecer que o trabalho é bom, mas não perfeito, é crucial. Pessoas com essa síndrome costumam ser excessivamente exigentes consigo mesmas”, diz Cleyson.

E MAIS…

Para lidar com isso, é necessário valorizar a qualidade do trabalho a ser realizado. Avaliação e feedbacks de pessoas próximas são ferramentas importantes nesse processo. Trabalhar em uma equipe que reconhece e celebra conquistas publicamente também é fundamental.

“Compartilhar, estabelecer e celebrar conquistas, debater fracassos e aprender com a equipe são práticas valiosas, especialmente em empresas que promovem um ambiente colaborativo e fraterno. Em organizações que cultivam objetivos comuns, a compreensão e o enfrentamento da Síndrome do Impostor são facilitados. A fragilidade na percepção da entrega individual pode ser trabalhada para que o profissional perceba que sempre há espaço para melhoria, independentemente das condições que se apresentem”, finaliza o psicólogo.