Segundo o Dr. Lucas Sampaio, o ronco em si é o barulho causado pela vibração dos tecidos da faringe e se define como o ar passando imprensado em algum local.
“Quando dormimos, relaxamos a musculatura e, se estivermos com a barriga para cima, a língua cai para trás, diminuindo o espaço para o ar passar e gerando o ronco”, explica Lucas.
Prejuízo na qualidade de vida
Apesar de ser algo ‘normal’, o ronco muitas vezes pode prejudicar a qualidade de vida do paciente, chegando inclusive a ser um problema social tão grave que pode levar a separações em um relacionamento e problemas no dia a dia.
“Eu tenho um paciente que não anda de avião, pois seu ronco é muito alto, gerando, assim, um problema social grave. Este paciente não dorme na casa de ninguém e, até para dormir em hotéis, os hóspedes dos quartos ao lado reclamam. Então vejamos que se trata de uma limitação social gravíssima, chegando mesmo a atrapalhar relacionamentos”, elucida o médico.
Lucas explica que o vilão maior do ronco é o sobrepeso, o acúmulo de gordura cervical e também na base da língua, que estreita a passagem de ar na via aérea.
“Desse modo, o ar irá vibrar mais e, consequentemente, a pessoa irá roncar com mais intensidade. Então, o roncador que tenha ou não apneia deve cuidar para não ter sobrepeso. Outros fatores são a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas”, diz.
“Quando a pessoa bebe mais, ela relaxa e, consequentemente, a sua musculatura também. Então o ar vai passar mais turbilhonado, gerando mais ronco, e esse pensamento serve também para qualquer medicação que seda e relaxe”, esclarece.
Diferenças significativas
Segundo artigo publicado pela Revista Científica Lancet, cerca de 49,7% da população brasileira apresenta pelo menos uma apneia do sono leve, que é quando acontece uma parada na respiração.
“A pessoa está roncando e aí para de respirar, a saturação cai e acontece aquele conhecido ronco mais alto, quando se volta a respirar. Então, a apneia leva à perda da oxigenação no corpo, gerando, com o tempo, microlesões no sistema nervoso central.
Essa parada de respiração pode chegar a minutos e sua classificação é feita de acordo com quantos eventos de apneia o paciente teve em uma noite”, explica.
Segundo Sampaio, nota-se, em trabalhos científicos, que os prejuízos são diferentes em cada indivíduo e acabam aumentando o risco de se desenvolver doenças cardiovasculares, entre outras comorbidades.
“Uma pessoa que ronca deve procurar um médico especializado, de preferência um otorrinolaringologista, para ver se tem alguma alteração estrutural no nariz ou garganta que esteja levando a este quadro de apneia, para assim decidir qual a melhor forma de tratamento, cirúrgico ou clínico”, alerta.
Diagnóstico e tratamento
Lucas, que está se especializando em otorrinolaringologia, complementa que o exame de escolha para diagnóstico é a polissonografia respiratória e neurológica e que, em alguns casos, pode-se recorrer ao auxílio de um neurologista se na polissonografia houver alterações neurológicas.
“Para o tratamento, devemos iniciar com uma perda de peso e, depois, individualizar, pois existe mais de uma opção de tratamento, como o aparelho intraoral, o CPAP e as cirurgias”, finaliza o médico.