No mês de setembro, um fato ficou conhecido na imprensa. Foi o da jornalista de TV americana Julie Chin, que teve um mal estar enquanto lia uma notícia no estúdio. Ela perdeu a visão parcial de um dos olhos e teve dificuldade de articular as palavras.  O episódio chama a atenção para os sintomas do AVC (Acidente Vascular Cerebral), responsável por grande parte dos óbitos no Brasil.

No Brasil, dados divulgados pelo Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil informam que nos primeiros seis meses de 2022, 56.038 pessoas morreram por AVC. Em 2021 morreram 105.755 pessoas.

Os sintomas relatados pela jornalista americana são os mais comuns durante um AVC e que devemos ter atenção para poder realizar um pronto atendimento. Fraqueza de um dos lados do corpo, ‘sorriso torto’, alterações ou perda de visão, dificuldade para falar e compreender a fala, desequilíbrio, tontura, dificuldade para caminhar e dor de cabeça sem causa aparente.

Isquemia cerebral

Estudos apontam que nove em cada dez casos estão relacionados com fatores de risco que podem ser prevenidos, como hipertensão, obesidade, diabetes, colesterol alto, tabagismo e sedentarismo. 

O AVC é uma alteração do fluxo sanguíneo dentro do cérebro. Cerca de 15% dos casos ocorrem por extravasamento de sangue em alguma região do  cérebro, provocando um coágulo, esse é o AVC hemorrágico. Os outros 85% acontecem por falta de sangue em alguma região do cérebro, provocando o AVC isquêmico.

Uma pessoa que fuma tem 50% a mais de chance de ter um AVC, tanto o hemorrágico como o isquêmico. O risco de AVC aumenta por causa do efeito da nicotina, que forma placas nas paredes internas das artérias. Quando alguma placa se rompe pode ocorrer uma ruptura da parede da artéria fazendo um AVC hemorrágico. Mas estas placas podem aumentar tanto de tamanho que pode diminuir o fluxo de sangue em uma região do cérebro, fazendo assim uma isquemia cerebral.

Forma súbita

O AVC ocorre de forma súbita e por isso é necessário procurar socorro imediato para que seja feito o diagnóstico e a pessoa receba o tratamento adequado. Quanto mais rápido o atendimento, o paciente tem 30% mais de chances de obter bons resultados e evitar seqüelas.

Embora a maioria dos acidentes vasculares  ocorra nas pessoas com mais de 65 anos (o risco é 30 a 50 por mil nesta faixa etária), hoje existe um aumento abrupto dos casos de AVC entre pessoas na casa dos 35 e 55 anos. As  vítimas jovens de derrame se beneficiam mais do tratamento imediato.

Prevenção é essencial

A doença atinge mais o sexo masculino e está crescendo entre as mulheres, principalmente no período da menopausa. Uma pessoa que já teve a doença tem grandes chances de ter um segundo AVC. É muito importante descobrir a causa do primeiro para prevenir o segundo, que na maioria dos casos, possui seqüelas mais graves.

Conscientizar a população sobre a importância da adoção de hábitos saudáveis no dia a dia é apenas o começo da prevenção. É preciso que a sociedade entenda que o tratamento da pressão alta, colesterol e diabetes são essenciais para manter-se sempre longe dos riscos do AVC. Entre os fatores preventivos, o fim do tabagismo e a adoção de uma alimentação saudável, com frutas, legumes, verduras e carnes brancas, somadas a prática de exercícios físicos são essenciais.