O título deste conteúdo que você começou a ler foi livremente inspirado (para não dizer copiado) de alguma mensagem em tom de brincadeira (os chamados “memes”) que vi nas redes sociais associando a saúde mental ao desgaste no trabalho, o que vale não somente para CNPJ, mas para MEI e outras formas de trabalhos formais, assim como vale para os autônomos que atuam sem formalização, ou seja, independentemente se você trabalha para uma empresa como funcionário ou se trabalha por conta própria, sua saúde mental pode estar custando muito a você.
E quero chamar a atenção para algo que vem me incomodando bastante nos últimos tempos, antes mesmo de fechar o tema deste artigo. Tenho visto frequentemente nas redes sociais mensagens em tons de brincadeira e memes sobre a tão esperada chegada da sexta-feira e do final de semana ou a tristeza e a falta de motivação e pique de voltar ao trabalho na segunda-feira.
Então, sexta-feira é dia de hashtag “sextou”, hashtag “partiu fim de semana”. E segunda-feira é dia de meme de algum cachorrinho se arrastando como se fosse você indo ao trabalho com zero vontade.
Muito bonitinho, muito engraçado, mas muito triste e real!
Tudo bem que ninguém precisa, obrigatoriamente, ir ao trabalho saltitando de alegria e cuspindo arco-íris de felicidade. Mas, atualmente, é fácil observar um descontentamento muito grande das pessoas do nosso círculo de convivência com relação ao trabalho. Seja pelos salários nada justos; pelas relações interpessoais tóxicas; pela falta de reconhecimento; pelo assédio moral de colegas e chefes; pela ausência de infraestrutura adequada para desempenhar as atividades do seu trabalho; são muitos os motivos para realmente se arrastar toda segunda-feira até o trabalho.
Mudança na Lei
Desde o dia 1º de janeiro de 2022, os funcionários diagnosticados com os sintomas de Burnout terão os mesmos direitos que o colaborador com qualquer outra doença ocupacional. A responsabilidade da empresa em cada caso será determinada a partir dos laudos médicos que comprovam o Burnout.
Para a psicóloga Dra. Elaine Di Sarno, que é Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental – TCC, “a síndrome de Burnout não é algo que acontece após um ou outro dia de trabalho estressante. É um quadro que vem de uma rotina constante de estresse ao longo da vida profissional. A síndrome pode ser decorrente de uma carga horária excessiva, de um cansaço profundo, que não se resolve apenas com descanso ou férias. O deslocamento que o trabalhador realiza de sua residência para o local do seu trabalho diariamente é mais um componente dentre os fatores que podem contribuir para a ocorrência ou o agravamento do estresse”, explica a profissional.
A Organização Mundial da Saúde – OMS, em 2018 já alertava sobre o aumento dos casos de transtornos de ansiedade e depressão, informando que esses seriam os maiores motivos de afastamentos do trabalho nos próximos anos.
E de acordo com dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, o Brasil registrou cerca de 500 mil afastamentos por transtornos mentais e comportamentais em 2020, 26% a mais do que o registrado em 2019, sendo a maior alta constatada.
Assunto sério
Aqui não tem brincadeira e meme, o assunto é muito sério. Se nós mesmos não passamos por algum transtorno de saúde mental em decorrência do trabalho, ouvimos falar de algum conhecido que está sofrendo com essas condições.
O debate é longo e complexo, perpassa por questões de um sistema de trabalho que privilegia baixos salários em detrimento da alta demanda e concorrência para atender a um sistema econômico sufocante.
Fôlego – Então, o que podemos fazer? A Dra. Elaine Di Sarno apontou alguns caminhos que cada pessoa pode tomar para sofrer menos com os efeitos dos transtornos mentais do trabalho, são eles:
– Negociar limites de trabalho e de jornada com o empregador.
– Tentar dedicar-se para outras atividades além do trabalho, como: leitura, esportes, lazer etc.
– Evitar jornadas excessivas com frequência.
– Alimentar-se saudavelmente e dormir pelo menos oito horar por noite.
Já as empresas precisam contar com um profissional de psicologia em seu quadro de funcionários para auxiliar nas dificuldades dos trabalhadores.
Exemplos a serem seguidos
Recentemente vimos que alguns países da Europa já estão adotando jornadas de trabalho menores, por exemplo, com quatro dias ao invés de cinco dias úteis de trabalho na semana. Ei, Brasil!
E tempos atrás descobri uma empresa chamada Letz que presta um serviço de mobilidade urbana e, analisando melhor, pensei, nossa, não é só um serviço de mobilidade urbana, é um serviço de saúde mental!
Eles simplesmente levam e buscam, todos os dias, as pessoas para seus locais de trabalho em carros particulares! Imagina trocar o transporte público lotado e precário de todos os dias por um carro com motorista particular. O custo pode ser da empresa como um benefício aos funcionários ou você também pode contratar no particular. Mas as empresas já estão colocando esse tipo de serviço como benefício aos trabalhadores justamente para que a pessoa tenha menos estresse e mais qualidade de vida. Ótima ideia! Amei!
As questões de saúde mental são muitas no trabalho, cabe às organizações repensar seus modos de trabalho e, principalmente, pensar que são as pessoas que fazem seus negócios rodarem, sem pessoas, nada feito!
Como anda sua saúde mental no trabalho?
Desejo melhores dias a todos nós!
Saúde mental é fundamental
Lembro muito bem de quando eu fazia três turnos por dia: eu trabalhava de manhã em um escritório como assistente de comunicação na Vila Mariana; na hora do almoço ia para o Estadão no programa de estágio em jornalismo (pegava metrô e trem com sei lá quantas baldeações até chegar ao bairro do Limão); e de noite ia do Limão para Santo Amaro para a faculdade. Atribuo o fato de ter conseguido sobreviver a esse trajeto insano a ser jovem à época. Porque atualmente eu não tenho pique para isso e, muito menos saúde mental.
Saúde mental não é modinha, saúde mental é fundamental, é o cerne de toda uma vida de qualidade.
2 respostas
Oi, Cris! Parabéns pelo artigo. Achei sensacional!!! Um tema extremamente importante e sério nos dias de hoje. Não fazia ideia dessa empresa Letz. Que ideia fantástica!! As empresas precisam constantemente fazer algo pelos colaboradores e pararem com o famoso: fazer mais com menos (lembrando que esse menos são menos pessoas e não necessariamente menos custo). Esse é um dos fatores causadores do Burnout: sobrecarga constante (e muitas vezes acúmulo de duas ou mais funções para um único ser humano).
Olá Andressa, obrigada por prestigiar o nosso conteúdo. Seja bem-vinda para visitar outros textos. Abraço