O objetivo principal da pesquisa é identificar e analisar potenciais e limitações do campo da Saúde Mental e do Núcleo da Terapia Ocupacional para o cuidado em saúde mental de LGBTI+. 

A pesquisa “O cuidado e a saúde mental de LGBTI+: Contribuições da Terapia Ocupacional” é realizada por Bárbara Depole, sob orientação de Sabrina Ferigato, docente do Departamento de Terapia Ocupacional (DTO) da Instituição, e está vinculada ao Grupo de Pesquisa do Laboratório de Terapia Ocupacional e Saúde Mental (LaFollia) do DTO.

Inicialmente, a pesquisadora explica que está sendo utilizada, para o estudo, a sigla LGBTI+ (lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e intersexual+ que representa qualquer outra pessoa que não seja coberta pelas outras iniciais), cujas definições constam no Manual de Comunicação LGBTI+, realizado pela Aliança Nacional LGBTI+ e pela GayLatino.

Conflitos e sofrimentos psíquicos

De acordo com Bárbara Depole, “a investigação do cuidado em saúde mental é importante para este grupo populacional, primeiramente pelos conflitos e sofrimentos psíquicos que se expressam como efeitos do contexto de uma sociedade heteronormativa, sejam aqueles relacionados à atitude de assumir-se em sua orientação sexual e/ou identidade de gêneros, seja pela vulnerabilidade ou pelos processos de estigmatização aos quais essa população fica exposta”.

Além disso, a pesquisadora cita que, no contexto brasileiro, são escassos os estudos acerca da saúde mental como um campo de diálogo com as políticas da população LGBTI+ e são inexistentes os diálogos estabelecidos pelo núcleo da Terapia Ocupacional frente a esse grupo que visem ao cuidado em saúde mental em uma perspectiva de emancipação social e produção de subjetividade.

A importância do estudo também se justifica ao se considerar dados epidemiológicos que colocam esse o grupo LGBTI+ como uma população com maior suscetibilidade proporcional a situações de ideação suicida, suicídio e patologias psicossociais. “Ou seja, do ponto de vista técnico, podemos afirmar que a população LGBTI+ é considerada um dos grupos populacionais com maior vulnerabilidade ao adoecimento psíquico, especialmente pelas condições de estigmatização, exclusão e violência social ao qual estão expostos. Porém, é preciso chamar atenção para o fato de que esse processo de discutir o cuidado em saúde mental junto à população LGBTI+ se distingue de uma intenção de patologização da homo/transexualidade. Ser LGBTI+ não é sinônimo de cometer suicídio ou ter ansiedade, depressão etc. Porém, sofrer violências, seja de qual nível for, sim, pode levar ao desencadeamento de um processo de sofrimento psíquico”, comenta Depole.


Fonte – Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)