Muito se tem falado, atualmente, sobre um “novo normal” que surgiu, de uma hora para outra, com a vinda da Covid-19. A princípio, soa mais como um slogan de coach ou uma hashtag no Twitter. Mas afinal, existe um novo normal? O que há de novo ou de normal nisso tudo?

As organizações, como extrato social, refletem tudo o que ocorre na sociedade, tanto seus aspectos positivos como negativos, e isso faz parte da dinâmica social necessária para pensar processos, vendas, inovação etc. Não obstante, todas as ações construídas em aspectos culturais nas organizações também tendem a ter certo impacto dentro do complexo social onde ela está inserida.

O advento da pandemia quase que obrigou as organizações a moldarem suas estruturas culturais, de educação, de processos de políticas, uma vez que a preocupação com a doença é superior aos paradigmas estabelecidos. Desta forma, várias frentes das organizações mudaram suas formas de ser em natureza, uma delas – se não a mais relevante -, foram todos os processos de aprendizagem organizacional que precisaram ser migrados mais rapidamente para o ensino a distância. Desta forma, as lives, que só costumávamos assistir no Instagram, agora fazem parte do dia a dia do desenvolvimento de líderes em empresas, além do “engorda” de conteúdos nas universidades corporativas e o uso de webinar com média de público superior a 100 pessoas (média esta que no presencial era quase impossível). Mas, ora, o que há de novo em EAD? Só no Brasil, o registro mais remoto é de 1904, quando um anúncio no Jornal do Brasil foi vinculado para fazer cursos de Datilografia por correspondência.

Mindset 

Sobre as infraestruturas empresariais, com grandes salas, ilhas, café descontraído, poltronas e pufes, deram lugar aos quartos, salas, varandas que o isolamento social desenhou como novos ambientes de trabalho. O home office virou uma obrigatoriedade e isso foi um grande desafio, quase que uma prova de fogo para a cultura empresarial que tinha foco na construção de vínculos e no contato direto, pessoal dos colaboradores, fornecedores e terceirizados. Mas, o que há de novo nisso? Em 1997, durante o Seminário Home Office/Telecommuting – Perspectivas de Negócios e de Trabalho para o Terceiro Milênio, realizado de forma independente por pesquisadores da área, oficializou no Brasil o modelo de home office. Esse seminário influenciou a criação da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades – Sobratt em 1999 por esses pesquisadores.

O que há de novo e o que há de normal nas organizações? O novo é que as ações enumeradas neste artigo e tantas outras precisaram virar prática de uma maneira rápida e assegurando a eficácia, gerando resultados perenes para a organização. A chave precisou ser mudada e o chamado mindset, mais do que nunca, precisou ser girado. O normal é que não tem volta: as grandes empresas já estão se desfazendo dos seus espaços empresariais e comprando pequenas salas no interior, estimulando e equipando seus colaboradores cada vez na prática do home office; fazendo das lives de treinamentos ferramentas permanentes no futuro, como é o exemplo da XP.Inc que migrou da capital de São Paulo para o interior, na cidade de São Roque. Os vínculos culturais precisarão de um novo desenho social para fazer sentido na prática.

E MAIS…

A adaptação ao Home Office

É necessário um olhar cauteloso para as consequências secundárias que um processo de afastamento social provoca, e suas sequelas sociais, que por vezes são irreparáveis, haja visto por exemplo que a tendência de trabalhar em casa será, sem dúvida uma prática consolidada no pós pandemia. Mas estamos preparados para isso?

O ambiente de trabalho é caracterizado pela relação de parceria construída, assim como pela formação de vínculos organizacionais, tão preciosos para a manutenção de uma cultura empresarial forte, além da gestão de conhecimento e informação presencial. Com o Home Office, esse detalhe da vida corporativa se perde e dá espaço para o barulhos das crianças, a música alta que o filho do vizinho escuta, a divisão do tempo entre a planilha e a panela no fogo, ou seja, as configurações do hábito de trabalho dão lugar a um novo ambiente. Será que queremos isso?

Referências
Site: https://homeoffice.portaliso.com/como-surgiu-o-home-office/ – Consulta em 15/07/2020 às 16h37
Site:https://www.ead.com.br/ead/como-surgiu-ensino-a-distancia.html#:~:text=Como%20surgiu%20o%20EAD%20no%20Brasil,m%C3%A1quinas%20de%20escrever)%20por%20correspond%C3%AAncia. – Consulta em 15/07/2020 às 16h00
Site: https://www.infomoney.com.br/carreira/xp-e-linkedin-falam-sobre-exodo-do-eixo-faria-lima-jk-e-respondem-o-home-office-sera-eterno/ – Consulta em 15/07/2020 às 17:14