A morte é, sem dúvida, um dos principais tabus sociais. Religião, propriedade, escolhas individuais e até o mercado funerário atravessam o assunto que passa pelo universo particular de cada pessoa e afeta a sociedade como um todo. Esse é o ponto de partida de ‘Entre a vida e a morte, há vários documentos’, primeiro romance do mineiro Michael Maia lançado pelo selo de publicação Paraquedas.
A obra retrata a história de um país que legaliza e controla uma nova descoberta: “a droga da morte”. O seu problema ou encanto é que ela permite que todos tenham uma experiência fascinante instantes antes de morrer: rever amigos e parentes falecidos e até, quem sabe, Deus.
Depois dessa descoberta e de um “grande surto” em que uma horda de pessoas decide tirar a própria vida com a droga, o governo regulamenta o uso do narcótico (ou da ciência, dependendo do ponto de vista). Diante dos impactos disso na sociedade, o livro aborda como essa nova realidade afeta as relações humanas e reflete as desigualdades sociais. Como o governo escolhia quem tinha acesso à droga? Quem eles estavam tentando matar mais rápido? Por que um prédio de atendimento nunca era visto em bairros mais nobres?
‘Entre a vida e a morte, há vários documentos’ acompanha a vida do casal Luzia e Tânia que, após serem diagnosticadas com câncer terminal, decidem interromper o tratamento e se candidatarem ao uso da droga. Observamos então o impacto dessa decisão em seus pais e, principalmente, em Antônio, o irmão mais velho de Luzia que trabalha justamente na empresa estatal que recebe e regula as aplicações de quem opta por morrer com o narcótico. A partir desse núcleo, o leitor é levado a questionar como as relações familiares e sociais são moldadas pela iminência da morte e pelas decisões individuais.
Ficha técnica
Título: Entre a vida e a morte, há vários documentos
Autor: Michael Maia
Editora: Paraquedas
Páginas: 192