Hipnoterapeuta explica como funciona a regressão de memória na terapia.
O processo de regressão ainda intriga parte das pessoas. Diante disso, o psicólogo e hipnoterapeuta Romanni Souza explica que a regressão acontece quando a pessoa consegue olhar para sua própria história e, por meio de algum acontecimento dessa história, é possível identificar e ressignificar algo que, no presente, ajude a conseguir lidar melhor com as situações.
“O processo de regressão não envolve nenhum tipo de mágica ou coisa mirabolante. Também não é nada místico, nem tem a ver com a pessoa acreditar ou não. É como quando perguntam o que você comeu no almoço e você para, pensa, lembra e responde. Nesse momento, você faz uma regressão de memória”, compara.
Conforme o profissional de saúde, o processo consiste, basicamente, em ser incentivado a pensar e lembrar de algo que já aconteceu. “Esse fato pode ter acontecido há dois minutos ou há anos. Você está pensando no presente em algo que aconteceu no passado”, comenta.
O processo é muito utilizado durante as terapias para identificar traumas e acontecimentos no geral que interferem no agora: nas formas de se relacionar com as pessoas, no jeito de lidar com as mais diversas situações e até na forma como cada pessoa se enxerga e se entende.
“A partir desse processo, temos o acesso à percepção daquilo que aconteceu sobre a qual podemos gerar uma nova interpretação, que pode contribuir com o que acontece em nossa vida no agora”, esclarece.
Segundo o psicólogo, uma pessoa que sofreu uma tentativa de abuso sexual na infância, sem perceber, pode criar um bloqueio que a sabote no processo de emagrecimento no presente, como se a mente subconsciente funcionasse como um “segurança cego”, dizendo: “Se você continuar engordando, você vai evitar que outros tentem cometer abusos com você”, exemplifica.
Então, por meio de um processo de regressão dentro da terapia, de forma bem feita, é possível ajudar essa pessoa a perceber que cresceu, que não corre mais risco contra aquele abusador e que ela pode ser amada e respeitada como verdadeiramente merece. Contribuindo para gerar novos significados aos traumas, de forma a poder se sentir mais livre no presente, construindo significados mais positivos sobre a própria história.
Por fim, Romanni afirma que algo curioso sobre a regressão é que nunca se tem acesso àquilo que de fato aconteceu, mas sim da percepção do acontecido. “É justamente por isso que a terapia funciona tão bem”, afirma.
Como exemplo, cita duas pessoas em uma mesma festa. A primeira pode se lembrar da festa dizendo que a mesma estava maravilhosa. A segunda pode dizer que a festa estava horrível. “O trabalho a ser feito na regressão sempre tem a ver com percepção subjetiva do acontecimento, não com o acesso ao acontecimento em si”, finaliza.