Dia dos Namorados é uma data comemorada por casais que representa um momento especial para expressar amor, afeto e compartilhar momentos emocionantes. Ontem, dia 12 de junho, foi comemorada essa data no Brasil, colocando nos holofotes as expectativas românticas e comerciais que cercam essa ocasião.
Porém, é essencial lembrar da importância da saúde mental. Essa data pode ser uma época desafiadora para muitas pessoas, pois podem experimentar uma série de emoções e pensamentos que afetam diretamente o bem-estar psicológico.
Autocuidado emocional
Higor Caldato, médico psiquiatra e sócio do Instituto Nutrindo Ideais, especialista em psicoterapias e transtornos alimentares, explora a relação entre a saúde mental e o Dia dos Namorados, abordando questões como a solidão, a pressão social, a autoestima e a importância do autocuidado emocional.
De acordo com Higor, essa é uma época em que as emoções podem estar ainda mais à flor da pele e nem sempre são as mais agradáveis a se ter nesse momento.
A solidão e a tristeza podem ficar mais gritantes em datas como esta, reconhecer esses sentimentos e permitir sentir também é importante.
Conexões significativas
“Priorize o autocuidado, faça coisas que lhe tragam alegria e satisfação pessoal. Busque conexões significativas com outras pessoas, mesmo que não seja um relacionamento romântico; como encontrar familiares e amigos; o apoio social pode ser reconfortante. Não se compare aos outros e tente focar em seu próprio crescimento e felicidade. Se os sentimentos de tristeza e solidão persistirem, considere buscar ajuda profissional”, completa.
Mas como lidar com memórias dolorosas de relacionamentos passados ou traumas emocionais? O especialista enfatiza que é comum sentir raiva, tristeza, dor ou qualquer outra emoção que possa surgir ao recordar de relacionamentos traumáticos do passado. “Procure apoio de pessoas que você confia, como família, amigos e também apoio de um terapeuta. Compartilhar suas experiências e emoções pode ser terapêutico. O profissional irá te ajudar a processar melhor essas memórias dolorosas”, diz o médico psiquiatra.
Traumas emocionais
E quais são as melhores ações para prevenir um relacionamento tóxico? Educar crianças e adolescentes seria a solução? Para a professora Marcela Jardim, sexóloga, educadora sexual e psicanalista, que atua em escolas com o projeto de educação sexual para crianças e adolescentes, é importante que se tenha um bom entendimento de si mesmo, incluindo seus valores, limites e necessidades.
“Quanto mais você se conhecer mais fácil será reconhecer sinais de alerta em um relacionamento e tomar decisões mais conscientes. Os sinais de alerta de uma relação tóxica podem incluir comportamento controlador, falta de respeito, ciúmes excessivo, violência verbal ou física e manipulação emocional. Mantenha-se conectado com amigos e família. Defina padrões saudáveis para o tipo de relacionamento que você deseja ter, não aceitando comportamentos abusivos e construindo limites claros e expectativas realistas com o parceiro”, diz ela.
“Aqui acredito que possamos falar sobre consentimentos também. Falar sobre educação sexual com crianças e adolescentes é falar sobre respeito, limites, escuta, afeto e autocuidado. É ensinar sobre relacionamentos saudáveis”, complementa.
Relacionamento tóxico
Para a especialista, quando meninos e meninas crescem sem entender o que é consentimento, sem aprender a lidar com suas emoções e frustrações, há o risco de se tornarem homens e mulheres que ferem — emocional, verbal ou fisicamente.
“Quando meninas não são ensinadas a reconhecer sinais de abuso ou a confiar em sua própria intuição, podem normalizar relações que machucam”, avalia
Por isso, educação sexual é também saúde mental. Previne abusos, fortalece a autoestima e ensina a construir vínculos saudáveis — com o outro e consigo mesmo.
De acordo com ela, não estamos falando só de namoro. Quando falamos de relacionamentos, falamos de relações com amigos, com a família, com professores, com o mundo. Ensinar a se relacionar é ensinar a viver.
Educar para o afeto é um ato de cuidado coletivo. Começa cedo — em casa, na escola, nas conversas do dia a dia. E pode mudar toda uma geração