Os sinais e as características da criança e do adolescente vítimas de abuso envolvem questões cognitivas, emocionais e comportamentais. Nas questões cognitivas, vemos a criança ou o adolescente com muita confusão mental, baixa concentração na escola, incapacidade de compreender a experiência como violência.

Muitas vezes, a vítima passa uma vida inteira sofrendo violência e normatiza isso, então fica confusa. Às vezes, sofreu violência de um cuidador, seja irmão, pai ou mãe, por exemplo, e fica confusa, porque aquela pessoa deveria ser a pessoa que protege, mas, na verdade, é a que maltrata.

As questões cognitivas também envolvem a sensação de culpa: “Se isso aconteceu comigo, é porque eu merecia”. Então há um atrapalhamento, há muitos pensamentos intrusivos, crenças relacionadas à inferioridade, inadequação, pensamentos catastróficos, desesperança, baixo rendimento escolar etc.

Sobre as questões emocionais, vemos muito medo, culpa, vergonha, ansiedade, tristeza, raiva, sensação de rejeição, de confusão, humilhação, que levam a criança ou o adolescente a desenvolver desregulação emocional, a qual, no futuro, pode desencadear um transtorno da personalidade, um transtorno do estresse pós-traumático.

Comportamentos

No que diz respeito às questões comportamentais, englobam crianças ou adolescentes que fogem de casa, isolamento social, muita agressividade. Em crianças pequenas, enurese ou encoprese. Também vemos comportamentos de hipersexualidade, mudança no sono e na alimentação.

São sinais de que tem alguma acontecendo dentro daquela casa e isso precisa ser visto. Algumas vítimas falam, mas não é comum a criança ou o adolescente sair falando sobre a situação de violência. A grande maioria se fecha, se cala, por causa da culpa, da vergonha, do medo, de uma série de sensações, emoções e pensamentos que tomam conta da vida delas. Mas elas sempre vão dar sinais de alguma coisa. Então é importante não só a família, as pessoas que estão na volta, mas os profissionais também estarem atentos para cada um desses sinais e sintomas. Assim evitamos a violência.