Vivemos um momento difícil para os relacionamentos, por conta da pandemia do coronavírus, que alterou radicalmente a rotina das famílias.

Hoje, encontramos nesse cenário o home office, as crianças em casa o tempo todo (já que as aulas presenciais estão suspensas), isolamento social, redução das atividades de lazer, acúmulo de tarefas, queda dos rendimentos, medo, incerteza quanto ao futuro, lutos variados e tudo isso têm aumentado os conflitos entre casais.

A busca pela terapia, consequentemente, também teve um crescimento significativo e esse comportamento tem um papel importante nesse contexto todo. Entretanto, o processo terapêutico ainda é visto como algo individual e singular. Principalmente no momento atual em que a maioria dos terapeutas está disponibilizando atendimentos online.

Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o que é uma terapia de casal e acabam não procurando ajuda. O desconhecimento faz com que problemas que poderiam ser resolvidos se tornem barreiras intransponíveis, minando de vez um relacionamento.

Quando procurar terapia?

Está errado pensar que o terapeuta de casal só deve ser procurado quando o desacerto entre o casal já está instalado. O ideal seria que, já no namoro e antes dos conflitos, o casal se preocupasse em ter um apoio para manter um relacionamento feliz e sadio. Sim, foi isso mesmo que você leu. Na terapia estabelecemos contratos de forma leve e divertida e não em forma de DRs (as famosas “discussões da relação”), tão comuns quando as diferenças ficam evidentes.

Porém, o que comumente ocorre é que os casais só buscam ajuda quando o barco já virou. Quando o respeito e a cumplicidade já não fazem mais parte da dinâmica do casal, embora, em muitos casos, ainda haja amor de ambos.

Então, está pensando em morar junto ou casar? Use a terapia para ouvir o outro, se ouvir e, assim, iniciar uma vida nova com todos os “pingos nos is”.

Afinal, a comunicação é a base da terapia conjugal. O casal deve aprender a usá-la de forma objetiva, clara e amorosa. Cabe ao terapeuta conduzir o casal para esse nível de interação.

É papel do terapeuta intermediar, de forma imparcial, a conversa do casal, estimulando as duas partes a se expressarem com mais efetividade. Assim, são estabelecidos parâmetros de respeito às necessidades de cada um dentro da relação.

É um processo difícil

Em minha opinião, a terapia de casal é a terapia mais trabalhosa.  O terapeuta tem que ter muita sensibilidade e muita sabedoria para conduzi-la. Os resultados são, via de regra, muito promissores quando o casal de fato quer melhorar a relação. Não é uma terapia longa, porém nada se resolve num passe de mágica.

O compromisso de ambas as partes na terapia e a mudança de hábitos e padrões são fundamentais para alcançar os resultados desejados. É preciso haver honestidade e empenho nesta reconstrução.

O que não significa que, em determinados casos, não sejam recomendadas sessões em separado. Na terapia de casal, ajustamos a dinâmica do relacionamento, não as questões individuais. Alguns casais finalizam a sessão com sucesso e retornam depois de algum tempo para melhorar essas questões de forma pontual.

Entretanto, é importante ressaltar que o processo terapêutico pode conduzir ao recomeço, mas também à decisão de separação. Sim, porque a separação também faz parte do contexto e pode ser a melhor situação para ambos. Porém, com a terapia de casal, ela tende a acontecer com mais certeza, maturidade e tranquilidade emocional para todos os envolvidos, afinal, a dissolução de uma união envolve muitas questões, além do próprio casal: filhos, pets, patrimônio… É uma “sociedade” que está sendo desfeita e merece uma condução harmoniosa e com o mínimo de danos para todos os envolvidos.

E MAIS…

Quais são as queixas mais comuns na terapia de casal?

Alguns aspectos são mais comuns quando buscamos entender o que leva um casal à terapia:

  • infidelidade.
  • ciúmes.
  • excesso de cobrança e controle.
  • acirramento das diferenças e das discussões que dela resultam.
  • discordância na forma de educar os filhos.
  • dificuldade no relacionamento com enteados.
  • desequilíbrio financeiro.
  • problemas com familiares.
  • dificuldades sexuais como: diminuição da frequência sexual, falta de desejo, dificuldade de chegar ao orgasmo.
  • rotina.
  • desgaste e falta de compatibilidade após anos de união.