Pais, professores, cuidadores e responsáveis devem ficar atentos para qualquer mudança de comportamento da criança ou adolescente, já que é difícil de se identificar.
Há diversas formas de violência: física, sexual, negligência, emocional ou psicológica. Em casa as principais formas de violência são a interparental (ambiente familiar com conflitos), negligência (privação dos direitos fundamentais da criança), desvalorização, xingamentos, humilhação, disciplina severa, ameaças, abandono, falta de afeto e diálogo, cárcere privado, atos antissociais e alienação parental.
Negligência parental
A violência verbal ou gestual tem normalmente o objetivo de controle e de uma ameaça subliminar que acaba humilhando, causando danos à autoestima, constrangimento ou impedindo a livre expressão dos afetos em relação a outras pessoas. E é por isso que a alienação parental é considerada uma violência psicológica. Existe também a violência interparental, quando a criança é envolvida em litígios familiares, seja do ex-casal ou dos próprios pais.
Outro ponto importante é quando acontece o abandono afetivo que é quando os pais abandonam emocionalmente o filho. Alguns genitores encontram os filhos eventualmente, mas tem crianças que não convivem com os pais. Eles somem da vida desses filhos em todos os sentidos. Às vezes é apenas na parte afetiva, mas em muitas ocasiões acontece também a falta de suporte material, que também é necessário.
Disciplina severa
A negligência infantil é outro tipo de violência psicológica que ocorre quando os genitores ou responsáveis não dão atenção às necessidades físicas e emocionais da criança. Os pais negam o básico fundamental para o filho e impõem uma disciplina severa, ameaças e até o abandono. É preciso observar como está o desenvolvimento integral desse infante, o emocional, a necessidade de afeto e de expressão de afeto para que ele não tenha problemas no futuro.
Esse tipo de violência passa por uma série de atos: falta de cuidado, de um olhar atento às necessidades, de colocação de limites. É falta de atenção integral em relação à criança, até em relação a riscos. Adolescentes que não tem horários para chegar e sair, que não tem regras e limites para estudo.
A criança que precisa de atendimento médico e psicológico e isso não é oferecido. Todos esses atos geram um prejuízo no desenvolvimento global dessa criança ou adolescente que vai gerar sintomas emocionais graves e também sintomas físicos, como o envolvimento com drogas.
Efeito dominó
Ao longo dos anos esses jovens que sofrem violência emocional apresentam problemas psicológicos e psiquiátricos, envolvimento com drogas, relacionamentos disfuncionais, baixa autoestima e isso gera dificuldades em termos de se estabilizar profissionalmente e financeiramente e esses padrões acabam passando para os filhos. É como aquela história do dominó, um vai derrubando o outro.
Qualquer pessoa que conheça uma criança ou adolescente que sofra qualquer tipo de ameaça, intimidação, humilhação, cárcere privado e alienação parental, entre outros, tem a obrigação de denunciar. Isso pode ser no conselho tutelar ou por denúncia anônima.
Se for alguém da família que presencie esses atos de violência ela pode tomar providências tanto criminais quanto judiciais. Os familiares podem até pedir a guarda de uma criança que está sofrendo esse tipo de situação. E os pais serão avaliados e penalizados de alguma forma quando isso acontece.
Vale lembrar que a violência psicológica é mais silenciosa do que o abuso físico. Como ela é difícil de ser identificada, as pessoas não dão tanto valor. Botar medo em criança era uma coisa comum antigamente, mas hoje em dia os padrões mudaram e isso não é mais concebível.
Dados alarmantes
Mesmo com o passar dos anos e algumas conquistas na sociedade ainda convivemos com dados preocupantes. Uma pesquisa da UNICEF com base de dados de 30 países revelou que seis a cada 10 crianças de 12 a 23 meses são submetidas a métodos disciplinares violentos como punição física e violência emocional.
No mundo, apenas 60 países adotaram legislação que proíbe totalmente o uso de castigos corporais contra crianças no contexto familiar, assim cerca de 600 milhões de crianças menores de cinco anos se encontram sem proteção legal completa. (Dados UNICEF, 2017).