ESTUDO DE CASO

Mateo tem 8 anos, é primeiro filho de um jovem casal de ouvintes. Ele nasceu de parto cesária sem complicações, desenvolveu-se normalmente até 1 ano de idade, quando foi acometido por uma meningite bacteriana. Mateo ficou internado quarenta e oito dias sendo que vinte e seis foram na UTI pediátrica. Os médicos ressaltaram que se sobrevivesse, a criança apresentaria sequelas sensoriais. Ao sair da UTI, Mateo foi diagnosticado com uma surdez profunda, com perda auditiva de 75% da capacidade auditiva. Ao retornar para casa.  Mateo começou a demonstrar comportamentos agressivos quando percebia pessoas conversando ou aparelho de televisão ligado. A fonoaudióloga explicou à família que esse comportamento era normal, pois Mateo já sabia que determinadas ações ou objetos emitia sons, contudo esses sons não eram mais percebidos por ele.

Com 5 anos, Mateo ingressou à escola e a partir de então iniciou o momento mais difícil para a família, que frequentemente era chamada na direção por comportamentos e reações agressivas de tapas ou beliscões de Mateo. Outra dificuldade era entender os sons aleatórios vocalizados por ele.

Essas atitudes perduram até hoje com a idade de 8 anos, na qual Mateo encontra-se matriculado no segundo ano do Ensino Fundamental I, sem apresentar conhecimentos adequados a sua série, bem como sem a presença de uma língua oralizada ou sinalizada desenvolvida. Mateo comunica-se por gritos, empurrões e apontamentos.

Esse caso nos leva a pensar sobre a importância da aquisição da linguagem para que haja desenvolvimento humano integral. Devido a perda da audição e inexperiência familiar, a escola de Mateo não prosseguiu seu processo de aquisição da linguagem, mantendo assim uma expressão comunicativa de uma criança de 1 ano, apesar de apresentar idade cronológica de 8 anos. A inserção de uma metodologia visual e sinalizada faz-se totalmente necessária para que Mateo prossiga seu desenvolvimento comunicativo. Ao pensar na linguagem como artefato do desenvolvimento humano refletimos que “[…] o homem transforma-se de biológico em sócio-histórico, num processo em que a cultura é parte essencial da constituição da natureza humana” (OLIVEIRA, 1994, p. 24).

Referências:

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento – um processo sóciohistórico. São Paulo: Spione, 1994.