Quais são os fatores éticos que permeiam a supervisão em psicologia?
A partir do momento em que o psicólogo entra numa relação de supervisão, seu supervisor passa a ser responsável pela sua atuação profissional e também pelo paciente de certa forma. Então é quase como se aquela pessoa fosse o profissional psicólogo que estivesse atendendo o paciente. Por isso, é muito importante que quem for fazer supervisão tenha a compreensão do processo e do impacto que causa. Porque se o psicólogo supervisionado fizer algo antiético com seu paciente, o conselho de psicologia vai atrás de saber se ele está tendo supervisão. Se estiver, vai atrás de saber se o supervisor está ciente do que houve dentro do processo que permitiu que essa falha ética ocorresse. E se ficar evidenciado que o supervisor sabia, a punição vai para ambos. Porque o supervisor também é responsável pela atuação clínica daquele profissional. O supervisor acaba tendo um papel meio que de porteiro, que controla quem entra e sai, quem está adequado para fazer o seu papel de psicólogo e quem não está. Isso traz uma responsabilidade muito grande. Então todos os fatores éticos entram aí. Inclusive, por exemplo, fazer supervisão com amigos. Claro que há grupos de supervisão de colegas, que acabam sendo amigos também. Nesse caso, são mais profissionais que já estão formados e que têm aquele grupo, aquele coletivo de supervisores, que cada um se supervisiona, digamos assim. Mas quando a gente está falando, por exemplo, de quem está em treinamento, ter uma relação pessoal com aquela pessoa é inadequado. Porque, se a gente entrar num aspecto de só querer ajudar essa pessoa para que ela se desenvolva bem, sem avaliá-la de forma correta, a gente está fazendo o nosso trabalho malfeito como supervisor.