O 15 de junho marca o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, conforme declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. Essa população representa 10,5% dos brasileiros, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Fenômeno multifatorial

Estudos sobre o tema apontam que a violência contra o idoso é um fenômeno multifatorial, mas um dos principais fatores associados são os transtornos mentais, ente eles a Demência, que requer cuidados especiais. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que mais de 55 milhões de idosos vivem com essa condição em todo o mundo, incluindo o Alzheimer.

De acordo com o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG – Residência Terapêutica, as pessoas com Demência, têm dificuldade para se lembrar de informações, nomes, eventos e, ao longo do tempo, passam a ter sintomas mais intensos.

“Estamos falando de uma condição neurológica, mas que necessita de tratamento multidisciplinar, incluindo o acompanhamento de um psiquiatra. Isso porque esses pacientes têm grandes chances de desenvolverem depressão, alteração do sono, ansiedade, apatia e até mesmo agressividade”, comenta ele.

Múltiplos déficits cognitivos

Solange Tedesco, terapeuta da SIG em São Paulo, explica que o termo “demência” é bastante genérico e não se refere a um único transtorno, mas engloba várias condições crônicas com múltiplos déficits cognitivos.

“No caso do Alzheimer, por exemplo, a demência tem um início gradual, de progressão lenta e constante que além da deterioração da memória apresenta também, pelo menos, a alteração de uma das funções cognitivas, como na linguagem, praxia, gnosia e funções executivas”, explica.

Residência terapêutica 

A residência terapêutica, especializada em transtornos mentais, tem tanto a importância no diagnóstico e acompanhamento precoce, no diagnóstico diferencial e comorbidades associadas, como na gestão do cuidado ao longo do tempo.

“Como os sintomas variam entre as fases do quadro demencial, a necessidade de adaptação ativa do cuidado em todas as esferas é fundamental para um melhor prognóstico ou minimização dos prejuízos esperados.

É função de uma boa residência terapêutica a gestão de cada caso, chamamos de manejo de caso, onde se ajuda a encontrar as soluções necessárias para cada necessidade de cuidado”, opina.

Gestão do cuidado

O destino de um paciente com Demência em um estágio muito avançado, pode ser uma casa de repouso, afinal, estamos falando, na grande maioria dos casos, de pessoas idosas, mas na opinião de Solange, a abordagem de uma residência terapêutica pode ser mais interessante para esse público.

“Existem diferenças nos projetos e propostas entre residências terapêuticas, residenciais de idosos ou ILPis (instituições de longa permanência). Essas diferenças não são necessariamente claras na apresentação desses dispositivos. Entendemos a SIG-RT como um sistema de gestão do cuidado integrado que utiliza a cidade, a vida comunitária, a família/ rede social mínima tanto para a coparticipação como para utilizar ou criar recursos para promover a saúde mental em todas as suas esferas: psicológica, social, física, espiritual, ambiental e existencial, considerando as dimensões da capacidade particular de cada morador”, comenta ela.

Não é um lugar de chegada e espera. É um lugar de gestão do cuidado e da própria vida, com recursos compartilhados entre cada morador com uma equipe especializada, gerando habilidades remanescentes, criando inéditas, em qualquer etapa da vida ou do adoecimento. Isso nos exige um olhar e atos individualizados para que todas as necessidades sejam atendidas com acolhimento”, completa.