A Hipnose Clínica é uma das ferramentas mais polêmicas da saúde, principalmente no Brasil pelo desconhecimento dos próprios profissionais. Algumas profissões, como veremos, têm sua própria regulamentação quanto ao uso das técnicas da hipnose, mas não é necessário em nosso país uma graduação específica para se tornar um terapeuta desta técnica. A esse profissional dá-se o nome de Hipnoterapeuta, bastando, para isso, uma formação adequada e a regularização para a atuação profissional.
A hipnose tem seu início como ferramenta de apoio ao profissional médico no século XVIII. Mas, somente em 1999, o Conselho Federal de Medicina brasileiro emitiu um parecer (nº 42/99) reconhecendo a Hipnose como “uma valiosa prática médica”, que pode ser utilizada em diagnóstico e tratamento.
A prática da hipnose para os odontólogos está regulamentada pela Lei N º 5.081, de 24/08/66, no art. 6º, par. I-VI; para os psicólogos, em 20 de dezembro de 2000, o Conselho Federal de Psicologia reconheceu a Hipnose como um recurso terapêutico (resolução 013/00); e os fisioterapeutas, de acordo com o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, também podem atuar amparados pela RESOLUÇÃO COFFITO nº. 380, de 3 de novembro de 2010. (DOU nº. 216, Seção 1, em 11/11/2010, página 120).
Assim, existe o amparo legal para essas categorias, mas não existe uma legislação que limite o uso da Hipnose por quem quer que seja. Independente da formação (tendo ou não), qualquer pessoa pode se autointitular Hipnólogo e utilizar da forma que quiser.
Dessa forma, a imagem da utilização da Hipnose Clínica pode ser confundida com a Hipnose Recreativa, onde não há o compromisso real com a estrutura de saúde dos envolvidos. E, por essa razão, gera um preconceito ao tratamento. Entretanto, nos últimos anos, uma nova modalidade de Hipnose Clínica está surgindo no Brasil e colhendo bons resultados em diversos tipos de utilização. Trata-se da Hipnose Clínica Neurossensorial. Eu e a psicóloga e doutora em Saúde Pública, Profª. Beatriz Acampora, aplicamos essa técnica na clínica há mais de 20 anos e possuímos estudos de casos com resultados efetivos.
Técnica multidisciplinar
Para que o tratamento com hipnose seja compreendido, é necessário entender o que é a Hipnose Clínica de uma maneira geral. E saber que ela é voltada para o ambiente da saúde e pode ser utilizada por cirurgiões-dentistas, médicos, psicólogos, terapeutas, fisioterapeutas, enfermeiros, ou seja, o grande espectro que abrange o toque dos profissionais de saúde. Para saber um pouco mais, convido para o Congresso de Hipnose Clínica Neurossensorial on-line e gratuito: https://bit.ly/CONGRESSO_DE_HNS_ONLINE
Já a Hipnose Neurossensorial é um perfil de hipnose clínica em que os canais sensoriais são estimulados por meio de equipamentos que agem de duas formas: potencializando o estado alterado e provendo Biofeedback ao profissional de saúde, o Hipnólogo Clínico.
Instrumentos de apoio
No momento da aplicação da técnica são utilizados alguns instrumentos para ampliar o estado alterado de consciência, tais como a emissão de luzes e cores, cheiros, como perfumes e essências para ancoragens de estados emocionais, poltronas e esteiras vibratórias com ou sem aquecimento, possibilidade de aumento ou diminuição da temperatura ambiente, efeitos sonoros onde estão incluídos uso de frequências especiais.
Já como Biofeedback, para a perfeita monitoração do estado de aprofundamento do paciente, são utilizados aparelhos que aferem a resistência galvânica, o percentual de oxigenação no sangue, os batimentos cardíacos e a aferição da temperatura em alguns pontos da pele.
Modelos de atendimento
São vários os perfis de como a Hipnose Neurossensorial pode atuar. Temos cinco principais modelos:
– Comportamental: voltado para a alteração no perfil comportamental da pessoa. Administração emocional, potencialização de qualidades, respostas assertivas e espontâneas às demandas dos ambientes profissional e/ou social/familiar etc.
– Tratamento de fobias: aqui se incluem praticamente todos os tipos de fobias existentes, tendo técnicas diversas dependendo da intensidade e modelo fóbico apresentado. A Dessensibilização Sistemática Progressiva, por exemplo, é uma dessas técnicas que, quando bem aplicada, pode conduzir o paciente a obter resultados rápidos quando aplicada durante o estado alterado de consciência.
– Emagrecimento: muito em moda ultimamente com vários profissionais qualificados, conquistando feitos notáveis com seus pacientes. A Hipnose Neurossensorial utiliza o método RESEM, desenvolvido na UENF-RJ na ocasião da pesquisa de Mestrado em Cognição e Linguagem de minha autoria.
– Subtração de sintomas: esse perfil exige um cuidado maior, pois todo sintoma está a serviço de alguma manifestação de descontrole interno que pode ser de âmbito emocional ou não. Nesses casos, quando os sintomas são mais severos, o aconselhável é que uma equipe multidisciplinar acompanhe o tratamento. O profissional psicólogo e o profissional médico são indispensáveis em casos graves.
– Reabilitação: perfil da Hipnose Neurossensorial em que mesmo sem movimentos físicos reais (somente na imaginação em estado alterado de consciência), o paciente é auxiliado a desenvolver suas habilidades motoras perdidas por algum trauma físico ou AVC. A Hipnose Neurossensorial tem conseguido excelentes resultados nesse tipo de tratamento aliado ao trabalho de fisioterapeutas e médicos especializados.
A Hipnose Clínica (contra sintomas) é uma ferramenta poderosa na potencialização de qualquer tratamento. Já no perfil comportamental, ou mesmo na reprogramação mental, outros cuidados devem estar presentes, como uma boa construção das sugestões para que não ocorram conflitos éticos na personalidade do paciente.
Para quem é o tratamento com Hipnose?
A Hipnose Clínica Neurossensorial pode ser aplicada em diversas frentes de tratamentos. O ideal é que pelo menos dois quesitos sejam aferidos para ter certeza que existe uma possibilidade de recuperação. A abordagem deve estar voltada para o tratamento em que seja necessária mudança física/orgânica/metabólica diante de um sintoma qualquer.
1- Que o paciente apresente a capacidade de manter foco de concentração durante alguns minutos, pelo menos, em uma única estrutura de pensamento.
2- Que exista alterações percebíveis conforme este paciente é estimulado psicologicamente em seu sistema nervoso parassimpático e simpático.
Essas duas condições nos revelam que o paciente possui facilidade de respostas internas. Isso é extremamente útil para o tratamento alcançar êxito de forma rápida e segura.
Em todos os casos, o acompanhamento médico é essencial nos casos de sintomas físicos persistentes. Jamais se deve substituir a terapêutica medicamentosa pela hipnose pura e simples.