Sou psicólogo e gostaria de uma orientação sobre como identificar o Transtorno Dismórfico Corporal diante de um paciente sem limites para os procedimentos. Como o médico deve intervir?
Em geral, é na adolescência que o Transtorno Dismórfico Corporal se inicia. Quem sofre desse transtorno tem foco excessivo voltado para um desejo de perfeição relacionado a um padrão estético. A pessoa de fato acredita que ter imperfeições que na realidade não são percebidas ou são inexistentes. É uma espécie de transtorno obsessivo compulsivo, que é um distúrbio de ansiedade marcado por pensamentos obsessivos recorrentes e rituais. Sua preocupação é direcionada a sua imagem vista no espelho e não percebida como algo interno que está diretamente relacionado a autoestima, confiança e segurança. Os sintomas são observados pela preocupação excessiva com sua constituição física.
Desejo de mudança
O padrão de beleza pode ser construído através da idealização familiar, de grupo e do próprio adolescente. É durante puberdade, período marcado por transformações corporais, que surge a própria adolescência, isto é, o momento para dar conta de todas essas mudanças corporais involuntárias que são observadas com estranheza. Nesse período o adolescente passa a não se reconhecer. Se toda fonte de prazer está direcionada a um padrão estético idealizado, estamos diante de algo muito perigoso e de fato, inatingível. Muitas vezes procedimentos estéticos auxiliam na sensação de conforto consigo próprio, mas desde que sejam observados o estado emocional e de onde parte essa insatisfação. Diante de todas essas transformações é preciso que se tenha ainda mais cautela para a compreensão desse desejo de mudança.
Taxas de ansiedade e depressão
É uma constatação que busca por cirurgias e procedimentos estéticos iniciam-se cada vez mais precocemente. Se por um lado, é saudável a correção de aspectos físicos desfavoráveis que podem imprimir dor àquele jovem que assim os percebem é saudável, por outro lado verifico elementos alterações físicas sutis pouco evidentes causam, em alguns jovens, um sofrimento desproporcional. Em artigo noticiado no WSJ de 2020 apura que 32% das meninas questionadas assume que se sentem mal com os seus corpos, e que determinada rede social as fizeram se sentirem piores. Relata ainda que adolescentes culpam o Instagram pelo aumento na taxa de ansiedade e depressão. É importante ressaltar que para cada área do corpo existe a limitação da faixa etária a depender da etapa desenvolvimento daquela estrutura corporal. Por exemplo, em crianças com orelhas em abano, a idade limite é de 7 anos.
Se por um lado não há limite de idade para a realização de uma cirurgia, existem fatores como as condições de saúde física e mental que podem limitar a realização de uma cirurgia e, também aqueles relacionados às limitações éticas de qualquer procedimento. A fragilização emocional do indivíduo pode comprometer pode comprometer a sua saúde física.