O zumbido no ouvido, ou acúfeno, é um problema que afeta cerca de 15% das pessoas e causa ruídos e sons ouvidos com frequência mesmo sem barulho no ambiente, em geral mais intensos próximos à hora de dormir. Embora esteja relacionado a problemas de audição, também tem ligação com o cérebro segundo explica o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela.
“O som chamado de zumbido no ouvido pode variar como sibilos, assobios, crepitações, tinidos, entre outros. Como um fenômeno bastante complexo, ele pode ser não apenas sons gerados por estruturas próximas ao ouvido, mas também pela ação do cérebro, em especial do córtex auditivo”, complementa.
Tipos
Acúfeno subjetivo: o mais comum, é causado por atividades irregulares no córtex auditivo cerebral que o fazem identificar certos estímulos como sons.
Acúfeno objetivo: ocorre quando estruturas próximas ao ouvido geram ruídos causados pelo fluxo sanguíneo de veias e artérias próximas, mas também pode surgir devido a lesões cranianas, certas doenças, tumores ou espasmos em músculos próximos, gerando sons de estalos.
Cérebro
Embora precisem de avanços, os estudos sobre o fenômeno já indicam algumas regiões cerebrais envolvidas no processo. Dentre as teorias sobre as causas do zumbido no ouvido, está a de alterações na atividade dos núcleos cerebrais da audição que desencadeiam estímulos interpretados erroneamente pelo cérebro como sons.
“Mas, por exemplo, a região do cérebro responsável por processar os sons, o córtex auditivo, também está ligada à percepção auditiva fantasma, assim como a amígdala, o córtex insular e o córtex cingulado anterior”, explica.
Complementa que, além disso, traumatismos cranianos, transtornos e tumores, assim como algumas doenças, como a esclerose múltipla, também têm fortes indicações de ligação com o acúfeno.
Tratamento
Por ser uma condição complexa e multifatorial, os tratamentos disponíveis atualmente são limitados, mas existem opções como a terapia sonora, que permite “mascarar” os zumbidos, uso de aparelhos auditivos em alguns casos e a terapia comportamental. Para melhorar a qualidade de vida e aliviar alguns sintomas e efeitos do acúfeno, como a dificuldade para dormir, podem ser utilizados alguns medicamentos, mas não específicos para tratar a doença.