O uso excessivo de smartphones entre crianças tem sido identificado como um problema significativo que afeta negativamente o desenvolvimento cognitivo e comportamental.
Desenvolvimento linguístico
Rosina Fransisca J. Lekawael, em 2017 demonstrou que, embora os smartphones possam ser ferramentas úteis para a aprendizagem da língua inglesa, a maioria das crianças os utiliza principalmente para acessar redes sociais e jogos, em vez de recursos educativos. “Esse comportamento não só compromete o desenvolvimento de habilidades linguísticas, como leitura e escrita, mas também desvia a atenção das atividades acadêmicas, essencial para um aprendizado eficaz”, afirma Lekawael.
Yulia Rachmawati Hasanah e Alwin Widhiyanto (2023) descobriram uma forte correlação entre padrões parentais permissivos e o uso excessivo de smartphones por crianças de 4 a 5 anos. A falta de restrição e acompanhamento pelos pais amplifica os efeitos negativos, resultando em comportamentos desajustados e dificuldades de atenção.
Consequências prejudiciais
Durante a pandemia de COVID-19, pesquisa conduzida por Tri Yuni Hendrowati e Miftachul Huda publicada em 2022 destacou que o uso contínuo de smartphones teve impactos negativos significativos no comportamento das crianças. As crianças passaram a depender dos smartphones não apenas para aprendizagem, mas também para entretenimento, resultando em um aumento de comportamentos problemáticos e diminuição da interação social e física. “Esse uso excessivo pode levar a alterações na morfologia cerebral, como sugerido por diversos estudos, aumentando a predisposição para distúrbios de ansiedade e dificuldades de foco, muitas vezes confundidos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)”, explica a pesquisa.
Pessoas menos inteligente
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues em seu artigo publicado em 2018, argumenta que a internet está tornando as pessoas menos inteligentes. “As crianças de hoje enfrentam maiores dificuldades em tarefas básicas como leitura ou pesquisa, sendo viciadas no mundo online que garante uma alta dose de dopamina a cada clique. Esse ciclo vicioso de conquistas fáceis e imediatas gera mais ansiedade e cansaço devido à liberação de cortisol e outros hormônios, resultando em fadiga. Esse comportamento prejudica a atenção e a memorização, essenciais para a aquisição de conhecimento”, argumenta Rodrigues.
Desenvolvimento emocional
Finalmente, uma revisão sistemática realizada por Aleksandra Novakov Mikic e Annette M. Klein publicada em 2022 revelou que o uso de dispositivos digitais pelos pais na presença de crianças pequenas afeta negativamente a qualidade da interação pai-filho, prejudicando o desenvolvimento afetivo e cognitivo das crianças.
Esses resultados indicam a necessidade urgente de estratégias educativas que minimizem o tempo de tela e incentivem atividades mais interativas e físicas, promovendo um desenvolvimento mais saudável e equilibrado.
Debate sem consenso
O uso excessivo de dispositivos móveis e a falta de regulamentação institucional são os grandes desafios da atualidade, impactando significativamente o desenvolvimento cerebral, especialmente em crianças e adolescentes. Proibir os celulares em escolas é crucial, já que o uso descontrolado desses dispositivos interfere na neuroplasticidade, essencial para o aprendizado e amadurecimento cerebral.
“As redes sociais, com suas recompensas imediatas e conteúdo superficial, sobreestimulam o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina em excesso. Essa sobreestimulação compromete o córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas como atenção, planejamento e controle de impulsos. O resultado é um ciclo vicioso de busca por gratificação instantânea, prejudicando a capacidade de concentração e o aprendizado profundo”, alerta o neurocientista.
“Em longo prazo, esse uso descontrolado pode levar a alterações na morfologia cerebral, como a redução da massa cinzenta em áreas cruciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional. A solução para um futuro promissor reside em resgatar hábitos do passado, incentivando atividades ao ar livre, contato com a natureza e interações sociais saudáveis, que estimulam a produção de serotonina e outros neurotransmissores essenciais para o bem-estar e a saúde mental”. Finaliza o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues.