O término de um relacionamento é quase sempre traumático, mesmo quando já era óbvio o destino do fim. Isso tudo porque ninguém se casa com a intenção de se separar. Junto com a ideia do casamento, existe também a grande expectativa de que aquela relação seja responsável por trazer felicidade, criando assim grandes expectativas de que o outro fará de seu parceiro a pessoa mais feliz do mundo, de que viverão felizes para sempre até que a morte os separem.

Autorresponsabilidade das expectativas 

Muito diferente dos filmes românticos, cada vez mais casais optam por dar fim a uma relação que não estava mais fazendo bem e, tão pouco, traz a felicidade eterna que tantos idealizam. Surge, assim, uma nova realidade, em que os casais rompem não só a relação, mas a expectativa de que outras pessoas são capazes e responsáveis por ter que fazer o outro feliz. O fim é doloroso, porque na verdade existe a quebra de sonhos e da fantasia de um relacionamento perfeito, do desejo de permanecer ao lado de um parceiro incrível, que será capaz de te amar para sempre.

Quanto mais se tem a ideia de felicidade por meio dos relacionamentos, mais intensa torna-se a dor na hora da separação. Surge, então, o sentimento de frustração, que passa a ocupar o lugar das idealizações e expectativas. O sofrimento é intenso, pois junto com ele surge a responsabilidade de se tornar o único capaz de se fazer feliz, não existindo a possibilidade de exigir do outro que faça o mesmo. Com isso, passa que ter que assumir as rédeas da própria vida e tornar-se responsável por si próprio. Na maioria das vezes, se tornar autor da própria vida dói, porque passa a não ter como encontrar culpados pelo próprio insucesso e pela falta de resultados na vida. Além da autorresponsabilidade, a mente tem que ainda lidar com o medo do desconhecido, afinal de contas, com a separação, existem as incertezas de uma nova vida que está por vir.

O cérebro gosta de lidar com o que ele já conhece, para não ter que pensar muito, de ter que fazer um esforço a mais, um gasto a mais de energia. A mente é preguiçosa! Com a separação, é necessário aprender a lidar tanto com questões da mente quanto do coração, por isso, a sensação de quase morte, de sufocamento, de medos e incertezas absurdas.

Cérebro focado na perda

A melhor forma de se lidar com esse cenário do horror, é compreendendo que existe uma vida após o fim do relacionamento e que é uma grande oportunidade de reescrever uma história de vida, criar capítulos onde se possa ser quem realmente é, realizar sonhos que sejam individuais e fazer tudo aquilo que gera prazer e bem estar. Quando se passa a enxergar dessa maneira, não existem mais motivos para tanto sofrimento. Claro que a dor é inevitável, pois está se passando por uma transformação de vida, tendo que  vivenciar perdas, enfrentar medos, mudar rotinas, comportamentos e tudo isso não é tão simples assim. A grande verdade é que para sair do sofrimento, é necessário que se aprenda com ele, entenda que nada na vida acontece sem motivo ou razão e que cada dor é uma oportunidade de crescimento e evolução.

Infelizmente, a maioria das pessoas não consegue colocar a mente para perceber através desse olhar, porque muitas estão, na verdade, mais focadas nas perdas, naquilo que não deu certo, nos resultados que não atingiu.

Novas e positivas percepções

Não existe uma fórmula mágica para a felicidade ou para acabar com o sofrimento. Tudo depende da vontade de mudança e novos hábitos de percepção. O processo de separação, assim como qualquer outro processo de transformação de vida, depende do quanto uma pessoa está disposta a se transformar e colher assim novos resultados com essa mudança. Uma imensa maioria de pessoas não está disposta a mudar de vida, porque para isso é necessário se expor, se colocar em uma posição de vulnerabilidade, de correr atrás, de enfrentar medos, inseguranças e desafios, de focar e persistir no que se quer alcançar. Quando internamente existe uma vontade real de mudança, fica mais leve ter novas e positivas percepções, até mesmo quando se trata de um fim de relação recheado de dor, perdas, traições e frustrações. Assim, a melhor maneira de lidar com o fim é na construção de um novo início, quando passa a alimentar uma enorme vontade de sair desse processo da melhor forma possível, aprendendo com os erros cometidos, perdoando os erros alheios, aceitando a si próprio e as pessoas como realmente são e visualizando um futuro extraordinário para a própria vida. Nada na vida cai do céu, tudo que se quer realizar terá que ir atrás para conquistar e o fim de uma vida de dor e de sofrimentos não é diferente.

Mesmo que o cenário seja de puro caos, é possível desejar sair disso, mesmo que tudo esteja dando errado, é possível acreditar que tudo ficará bem, mesmo que esteja vivendo as maiores perdas, é possível visualizar futuros ganhos. A mente pode ser uma grande inimiga que percebe apenas perdas, alimenta medos, inseguranças e sofrimento, assim como ela pode ser a melhor amiga, se direcionando para novas conquistas, aprendizados e evoluções.

Lidar com uma separação irá depender de como irá alimentar a própria mente, pois será ela quem irá te direcionar para percepções positivas ou negativas a respeito da vida. Não importa o que esteja acontecendo agora, a sua mente é capaz de te levar para os resultados que desejar alcançar. O fim de um sofrimento irá depender da vontade de se ter uma vida feliz e realizada, quanto mais vontade de ser feliz, mais a sua mente encontrará caminhos para te levar ao seu destino.

E MAIS…

Aumento dos divórcios

Os divórcios têm aumentado absurdamente. Dados do IBGE apontam que, entre 1984 e 2016, o número cresceu 269%. O que eu percebo é que, hoje, muitas pessoas se casam sem se conhecerem profundamente. E, então, quando começam a compartilhar o dia a dia, se dão conta de que, na verdade, aquela pessoa ao lado dela nada tem a ver com os seus valores. Como você vai ser feliz com alguém com ideais completamente diferentes dos seus? Outra razão é que as mulheres, atualmente, são mais independentes. Se antes suportavam um relacionamento ruim por conta da dependência financeira, por exemplo, hoje em dia o nível de tolerância está baixo. Outro motivo que leva a separações é o fato de que a vida muda, você passa a ter outras prioridades, outras demandas, outros sonhos.