O objetivo mais amplo seria ampliar o mapa de representação da realidade do sujeito e dotá-lo de ferramentas autoaplicativas para o enfrentamento de situações da vida. Assim, há um enfraquecimento dos esquemas mentais autoderrotistas e desadaptativos, fortalecendo esquemas funcionais e assertivos. Para isso, o protocolo contempla varais técnicas integrativas ao processo. Todas as demandas vêm da Psicoterapia, que são transformadas em imagens mentais e emoções na Hipnoterapia. O resultado depende da experiência e da habilidade do profissional, ao fazer esta parceria adequadamente.

A hipnose em clínica potencializa estratégias de regulação emocional. Assim, quanto mais ampliada a representação da realidade, mais estratégias de enfrentamento, maior resiliência e menores níveis de ansiedade. Uma característica muito importante neste processo de integração é o emprego da hipnose para a pré-visualização de cenários de risco, preparando o cliente para esta dessensibilização, com o objetivo de aumentar a previsibilidade e reduzir sintomas de ansiedade. Novamente, trata-se de manejo de imagens mentais em Psicoterapia. A partir das exposições, o cliente aprende como controlar e evitar a ativação de esquemas ruins que ativam a sabotagem da experiência.

As pessoas sabotam as experiências visuais de sucesso, pois avaliam o intento como ameaçador (distorção cognitiva) e, portanto, se esquivam e evitam quaisquer estratégias que o levem aos bons resultados visualizados. Muitas vezes identificamos fortes “zonas de conforto”. A hipnose trabalha tudo isso, com imagens, cenários. Se me perguntassem hoje qual a maior propriedade da hipnose para uso em Psicoterapia, eu diria que é o controle dos sintomas da ansiedade. Ela é imbatível nisso, havendo mudanças neurofisiológicas rápidas na relação entre mente e corpo, mudança na própria percepção e quebra de padrões de avaliações catastróficas dos sinais do corpo.

Regulação de hormônios

Temos hoje pesquisas consistentes de que o transe hipnótico produz oxitocina, prolactina, reduz abruptamente a produção de cortisol, gerenciando consistentemente as respostas de estresse e medo, mudando a avalição das ameaças de forma mais racional. Além disso, produz mais Gaba, neurotransmissor que precede o relaxamento e é inibido no estresse, aumenta a produção do hormônio Leptina, que aumenta a saciedade nos processos alimentares, e reduz a Grelina, hormônio orexígeno que produz fome. Mais pesquisas apontam para a redução na produção de Glutamato, diminuindo a percepção consciente da dor, mudança no tônus muscular, aumento da produção de BDNF-Fator Neurotrófico, derivado do cérebro, aumentando a neurogênese (nascimento de novos neurônios) no hipocampo e melhorando acentuadamente foco, atenção, memória e atividade intelectual.

Outro aspecto importante é a regulação nos pacientes com privação do sono. Sabemos que a insônia é responsável por problemas seríssimos na concentração, foco e memória. O cérebro lê a falta de sono como ameaça, aumentando a ansiedade, potencializando a depressão e desregulando a balança alimentar (insônia hoje, segundo OMS, está ligada à obesidade). A hipnose dispõe de técnicas especificas para induzir o cliente rapidamente ao sono profundo condicionado, e leva a autoaplicação como ferramenta de manutenção. Muitos pacientes deixam rapidamente de se medicar.

A condição única para que a técnica resulte em benefícios é a de que o cliente seja suscetível à hipnose, devidamente testado e confirmado como tal. A hipnose em clinica nos oferece as técnicas de regressão, que nos permitem através do processo de hipermnésia (aumento do acesso a memorias com dificuldades de vir à consciência) levar o cliente a períodos pregressos como na infância, avaliando ambientes validantes ou invalidantes e as emoções expressas. Muitas vezes, este processo ratifica ou retifica informações coletadas em Psicoterapia pela experiência em cenários plenamente vivificados.

Ativação emocional

As técnicas de regressão oferecem uma ressignificação mais forte e perene de situações em função de uma maior ativação emocional. Não existem mudanças em Psicoterapia se não houver mudanças emocionais no processo (Jeffrey Young). Falando em Young, a hipnose tem excelentes resultados quando utilizada nas estratégias vivenciais, identificando por imagens mentais os esquemas que perpetuam transtornos, oferecendo maior clareza ao cliente.

As técnicas oferecem uma ajuda imensa no desafio de eliminar crenças rígidas e inflexíveis, levando o cliente através da regressão a questionar, revisar, ressignificar cenários vivificados em abusos, bullying, qualquer tipo de estresse pós-traumático. É possível entrar nos cenários, fazer você conversar com você mesmo em momentos em que se originaram a interpretação distorcida, dando evidencias, protegendo muitas vezes a criança vulnerável, produzindo incongruências de forma técnica planejada para produzir dissonância cognitiva, facilitando a mudança de crenças e a flexibilização psicológica. Tudo isso temos nas mãos como ferramenta integrativa à Psicoterapia.

E MAIS…

Hipnose reduz sintomas de ansiedade, regulando as emoções

Ansiolíticos sublinguais perdem de longe. Hoje, em duas sessões de 50 minutos, usando a hipnose em Psicoterapia, resolvemos100% das crises agudas de ansiedade, principalmente transtorno do pânico, deixando o cliente livre da aflição e expectativa irracional de medo, e o mantém no tratamento com maior regulação emocional. Rapidamente melhora a interação social. O paciente sai do isolamento e aprende técnicas autoaplicativas de manutenção deste novo estado até que o processo entre na habituação (Ivan Pavlov). Mais adiante vamos avaliar diretamente a vantagem do uso na Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). Esta ação forte na ansiedade traz prognósticos positivos no tratamento clinico dos transtornos, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático, pânico, ansiedade social, fobias especificas, tricotilomania etc.

Ferramenta poderosa, a hipnose promove ganhos que, com a Psicoterapia isoladamente não seriam atingidos, inclusive correndo o risco de abandono do tratamento. Os clientes de alguma forma querem respostas rápidas, perenes e consistentes e mais ferramentas de condicionamento comportamental que a Psicoterapia não tem. Tem ação rápida sobre as compulsões e toda a forma de automatismos que levam a comportamentos não pensados, de forma automática e não consciente, e que trazem resultados muito ruins.