O TOD pode ser observado também nas interações sociais da criança com adultos e figuras de autoridade de uma forma geral, como pais, tios, avós e professore, podendo estar presente também em seus relacionamentos com amigos e colegas de escola. Crianças e/ou adolescentes discutem excessivamente com adultos, perdem a paciência, fazem coisas para aborrecer os adultos, não aceitam responsabilidade por sua má conduta, incomodam deliberadamente os demais, possuem dificuldade em aceitar regras e perdem facilmente o controle se as coisas não seguem a forma que eles desejam, demonstram raiva ou ressentimento.  São crianças ou adolescentes que se apresentam e interagem de maneira grosseira, como se fôssemos seus inimigos. O transtorno é caracterizado pela falta de controle das emoções e comportamentos.

O DSM-5 (2014) define o TOD como “um padrão de humor raivoso/irritável, de comportamento questionador/desafiante ou índole vingativa com duração de pelo menos seis meses”.

Segundo o DSM V (2013), a persistência e a frequência desses comportamentos devem ser utilizadas para fazer a distinção entre um comportamento dentro dos limites normais e um comportamento sintomático.

No caso de crianças com idade abaixo de cinco anos, o comportamento deve ocorrer na maioria dos dias durante um período mínimo de seis meses, exceto se explicitado de outro modo. No caso de crianças com cinco anos ou mais, o comportamento deve ocorrer pelo menos uma vez por semana durante no mínimo seis meses, exceto se explicitado de outro modo. Embora tais critérios de frequência sirvam de orientação quanto a um nível mínimo de frequência para definir os sintomas, outros fatores também devem ser considerados, tais como se a frequência e a intensidade dos comportamentos estão fora de uma faixa normativa para o nível de desenvolvimento, o gênero e a cultura do indivíduo.

Características e especificações

O Transtorno Opositor Desafiador pode se apresentar de três maneiras: 1) leve – os sintomas limitam-se a apenas um ambiente (p. ex., em casa, na escola, no trabalho, com os colegas), seguido pelo 2) moderado – alguns sintomas estão presentes em pelo menos dois ambientes, seguido pelo 2) grave – sendo que alguns sintomas estão presentes em três ou mais ambientes.

O DSM-5 apresenta outras especificações para o diagnóstico de TOD. No item “Desenvolvimento e curso” podemos ler que os primeiros sintomas surgem na idade pré-escolar, antes dos cinco anos, e que esse transtorno aparece como indicador de risco para um mais grave, o transtorno de conduta (TC), que inclui agressões a pessoas e animais. Afirma também que “crianças e adolescentes com TOD estão sob risco aumentado para uma série de problemas de adaptação na idade adulta, incluindo comportamento antissocial, problemas de controle de impulsos, abuso de substâncias, ansiedade e depressão” (APA, 2013).   

 De acordo com o DSM-5, os prejuízos à vida dos indivíduos diagnosticados com o transtorno são relevantes em todo o seu contexto social, causando impactos negativos em seu funcionamento social, educacional e em áreas significativas da vida.

Segundo estudos, antes da puberdade, o transtorno é mais frequente em homens do que em mulheres, assumindo, no entanto, em proporções mais semelhantes, depois da puberdade. Os autores referem que, em relação aos sintomas, há certa similaridade entre os apresentados por homens e mulheres. Contudo, os comportamentos externalizantes entre os indivíduos do sexo masculino tendem a ser mais persistentes e conflituosos.

No setor escolar

No setor escolar o TOD é, atualmente, um dos transtornos mais estudados dentro da área da educação, tendo em vista que é extremamente delicado lidar com um aluno que tem esse diagnóstico. Além disso, crianças com TOD também têm dificuldade para se desenvolver na escola, especialmente na interação com os amigos.

 Os transtornos disruptivos são considerados difíceis de diagnosticar e tratar, uma vez que as crianças e os adolescentes, em seu ciclo normal de desenvolvimento, apresentam uma série de classes de comportamentos, incluindo os desafiadores.

Como é feito o tratamento

O tratamento para o Transtorno Opositor Desafiador pode ser muito diversificado, incluindo medicação com foco na diminuição dos sintomas de impulsividade, raiva e agressividade, característicos do transtorno.

A orientação familiar tem o objetivo de promover informações e orientações quanto ao curso e diagnóstico do transtorno, inclusive quanto às características sintomatológicas e aos métodos de tratamento, proporcionando debates sobre estratégias a serem adotadas pelos familiares no sentido de como lidar com a criança com um TOD.

E MAIS…

Melhoria de sintomas

A psicoterapia individual consiste na melhoria de sintomas, na modificação do comportamento, na mudança estrutural da personalidade em certo grau e na volta da criança aos impulsos próprios do desenvolvimento normal. O tratamento psicossocial engloba uma série de estratégias com a finalidade de fornecer melhor qualidade de vida à criança, proporcionando-lhe melhoria na qualidade das suas relações sociais no contexto familiar, escolar e social.

O treino de habilidades sociais é utilizado com o intuito de diminuir comportamentos disruptivos e aumentar comportamentos pró-sociais (incluindo fazer amizades). Para que esse treinamento ocorra de forma eficaz, algumas técnicas podem ser acopladas como treino em solução de problemas.

Esse procedimento tem por objetivo reavaliar as formas de lidar com a situação problemática e desenvolver estratégias alternativas para superar aquilo de forma menos sofrida. Outras técnicas também são sugeridas na literatura, como os planos de ação, que ajudam a criança a refletir sobre os comportamentos adequados em certas situações em que antes agiria com impulsividade, antecipar possíveis problemas e construir formas alternativas e positivas de lidar com eles. O role playing, ou ensaio comportamental, também é um ótimo recurso, especialmente com o uso de fantoches, argila, música, bonecos.

É um trabalho em conjunto entre família e escola.

Referência:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5.). 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014