A liderança moderna e as exigências dos processos de aperfeiçoamento de competências dos profissionais trouxeram para as organizações um modelo de desenvolvimento do capital intelectual compartilhado. Destaque então para a Mentoria Organizacional. 

As funções de mentoring organizacional se dividem em três tipos: funções de trabalho e carreira, funções socioemocionais e a função modelar. A classificação que se apresenta a seguir é apresentada por Erlich (2014b), que deu uma nova versão à tipologia original, criada pela pesquisadora americana Kathy Kram.

Funções de trabalho e carreira

1 – Orientação: consiste basicamente em o mentor orientar seu mentorado. Isso pode acontecer em diversas instâncias da vida. Podem ser, por exemplo, dicas de como se comportar na organização, ajuda na elaboração do plano de desenvolvimento, indicação de cursos. As orientações são fundamentais para estreitar a relação.

2 – Proteção: a proteção é evidenciada nos primeiros contatos entre o mentor e mentorado. É o cuidado que o mentor tem para preservar a imagem do mentorado. Evita que ele se aventure a fazer coisas para as quais, sob o ponto de vista do mentor, ainda não está preparado. É de extrema importância para ambos que o mentorado seja enxergado pela organização como alguém que “sabe se comportar” e que se desenvolve.

3 – Exposição-e-visibilidade: acontece de forma oposta ao ponto citado acima. A partir da percepção de evolução do mentorado no processo de mentoring, o mentor passar a expor seu mentorado para superiores e equipe. O mentor cria oportunidades para que a opinião e o trabalho do mentorado fiquem em evidência, de modo que as pessoas passem a conhecer e reconhecer o trabalho desenvolvido pelo discípulo.

4 – Patrocínio: quando o mentor entende que a evolução do seu mentorado chegou a um nível muito confiável, começa a patrocinar seu mentorado para posições ou cargos mais elevados. Esta iniciativa também serve como evidencia do sucesso que é a relação de mentoring.

Funções Socioemocionais

1 – Aceitação: aceitar o indivíduo da forma como ele se apresenta deve ser uma condição básica de qualquer mentor. O relacionamento de parceria que é primordial para o sucesso do mentoring e precisa ser estabelecido sem se levar em consideração qualquer preconceito (um julgamento antecipado), livre de estereótipos e paradigmas negativos. E uma premissa para a relação ser confiável e legítima.

2 – Escuta-e-aconselhamento: o mentor precisa ter uma escuta ativa e reflexiva (no momento do mentoring, a atenção do mentor deve ser depositava exclusivamente no mentorado). Essa escuta é fundamental para a compreensão que o mentor precisa ter, para que assim o aconselhamento seja assertivo. É importante o mentor sempre ter cautela ao aconselhar, para que o aconselhamento não se torne uma ordem. O mentor precisa, antes de mais nada, estimular seu mentorado a encontrar as respostas dentro de si. Quando esse recurso for findo, aí, sim, o mentor aconselha seu mentorado mais diretamente.

3 – Confirmação: a confirmação no processo se dá na medida em que a relação vai se consolidando. O mentor percebe que o mentoring está caminhando de maneira satisfatória e, a partir daí, desenvolver o outro se torna uma causa de honra.  O mentor passa admirar seu mentorado, pois evidencia um amadurecimento de ideias e ações. Esta é uma fase memorável dentro do processo.

4 – Abertura para o relacionamento: a abertura para relacionamentos no processo pode ocorrer em níveis diferentes. Existem casos, por exemplo, em que mentor e mentorado se tornam amigos confidentes e perpetuam a amizade por anos a fio. E em outros casos, após o mentoring, cada um segue sua vida. Claro que, em se tratando de relacionamentos positivos, é estabelecida uma relação de ajuda e, mesmo sem grande amizade, fica um sentimento mútuo favorável. O importante é deixar este canal aberto. Relações positivas e agregadoras são sempre bem vindas.

 Função Modelar

O mentor tem a responsabilidade de ser modelo para o seu mentorado. Serve como fonte inspiradora, como pessoa de referência. Pessoa que fala a verdade, que pratica aquilo que orienta e que atua com ética, alinhado à cultura da empresa e sempre valorizando e respeitando o ser humano.

mentoring nas organizações não se aplica somente à gestão de recursos humanos. E qualquer organização – privada, pública, pequena, média, grande, nacional ou multinacional pode ter um Programa de Mentoring. Ele é útil em diversas áreas e situações específicas como economia, contabilidade, mercado, casos de sucessão, fusão de empresas, troca de lideranças e outros problemas que possam afetar a dinâmica do negócio.

E MAIS…

Produtividade, capacitação e desempenho em pauta

A Mentoria organizacional pode trazer muitos benefícios aos colaboradores e aos resultados da empresa. Conheça alguns deles:

  1. Agilidade e qualidade no aprendizado organizacional;
  2. Rapidez na adaptação de novos colaboradores, como recém-contratados, transferidos, trainees e estagiários;
  3. Manutenção e melhor aproveitamento de talentos;
  4. Desenvolvimento de lideranças;
  5. Geração ou aumento de redes de colaboradores;
  6. Ganho de eficiência nos processos de ascensão funcional e de sucessão;
  7. Suporte para processos de mudança da cultura organizacional;
  8. Facilitação do desenvolvimento de uma cultura de diversidade;
  9. Redução de custos com treinamento e desenvolvimento;
  10. Aumento da produtividade e de resultados efetivos.
Referências
CAMPOS, Vicente F. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. 8. ed. Nova Lima, Falconi Consultores de Resultados, 2004.
ERLICH, Paulo. Mentoring: formação de mentores organizacionais.  Recife, 2014a. 71 p. Apostila do workshop Formação de Mentores Organizacionais – ERLICH – Pessoas & Organizações.
ERLICH, Paulo. O poder do mentoring nas organizações. Recife: ERLICH – Pessoas & Organizações, 2014b. 24 p. Disponível em www.erlich.com.br/ebook-o-poder-do-mentoring-nas-organizacoes/>. Acesso em 27 jul. 2014.