Todos nós ouvimos falar em competências socioemocionais, mas será que essa construção é somente da escola? E a família? E a empresa? E as igrejas e os partidos? As organizações sociais também poderiam trabalhar pra isso? Para todas as perguntas a resposta é a mesma – sim.
Os colaboradores das empresas ainda precisam saber sobre foco, resiliência e criatividade. O fiel da igreja ainda precisa entender o coletivo, a compaixão e a abertura para o novo.
E, assim, todos nós, temos e podemos aprender sobre essas competências. Elas não são naturais, ou seja, não nascemos com elas e ao longo da vida vamos nos deparando com as novas exigências dos novos contextos sociais. E o que fazer diante de tudo isso perante as crianças? Como todos nós podemos ajudar as crianças na construção dessas competências?
Autogestão
É um dos pilares da construção das competências socioemocionais. Ele é composto por organização, foco e persistência. Ou seja, algumas das dimensões mais importantes para o desenvolvimento saudável de uma criança. Pais podem ajudar seus filhos desde a simples organização do quarto até a organização da rotina diária.
A organização é uma condição da aprendizagem. Organizar um prato de alimentos com as proporções corretas, organizar o dinheiro para uso durante uma semana, organizar um guarda roupa, organizar um pensamento.
Qualquer tipo de organização é válido. Mas é importante lembrar que para isso tem que haver um tempo de insistência para que a competência possa aparecer. Nunca exija que uma criança imediatamente apresente aquela competência socioemocional logo depois de ter sido ensinada. É preciso persistir .
Abertura para o novo
É um pilar importante para a descoberta do mundo por parte das crianças. Essa é uma das mais férteis e fáceis pois as crianças aparentemente estão sempre muito dispostas a aprender.
Mas os pais e os educadores precisam se sentir livres pra trazer este mundo do novo para suas casas. Mostra uma música nova diferente daquele que se ouve em casa, apresentar um instrumento que ninguém toca, iniciar a prática de um esporte diferente, assistir a um filme fora do padrão, tentar pintura, modelagem, fotografia.
Preparar uma receita mediante uma pesquisa. Qualquer coisa inovadora para aquele contexto abrirá enormemente as possibilidades de a criança ver o mundo de forma mais ampliada.
Essa abertura para o novo envolve também a aceitação do outro e a tolerância para aquilo que muitas vezes aquela família ainda não tem opinião. Vale lembrar aqui que muita coisa é preconceito e discriminação, portanto, crimes.
Amabilidade
Esse é um dos pilares mais interessantes na construção das competências socioemocionais porque traz todas as possibilidades da empatia, da amorosidade, da delicadeza, do cuido, do amparo e da escuta.
Levar as crianças nos projetos sociais e voluntariados da região para que elas possam visualizar como eles são e o que fazem. Criar com as crianças um objetivo de separar brinquedos ou roupas para serem doadas, fazer um propósito de cuidar de uma árvore, de uma praça ou de um local abandonado. Plantar flores, cultivar temperos ou plantas medicinais para doação podem ser excelentes começos.
Iniciativa social
É o pilar mais importante para crianças e adultos e tem relação direta com a socialização, a coletividade o cooperativismo e a vida em comunidade.
Aqui pais e educadores podem pensar juntos como unir forças para o enfrentamento de uma problema social. Por exemplo, a limpeza ou cuidado de fontes de água ou de um rio.
Pode ser um trabalho simples de coleta do lixo, mas também pode ser um trabalho gradativo que inicia colhendo lixo, depois reflorestando e assim segue.
Resiliência Emocional
É um ponto sensível no trabalho com as competências socioemocionais porque todas as crianças precisam entender a frustrações, as decepções e a importância da construção de limites de tolerância e de aceitação.
A prática esportiva é uma das melhores atividades para que as crianças possam perceber o que é uma frustração e como ir lidando com elas. Em casa os pais podem jogar dominó, um jogo pedagógico, ou qualquer outra atividade que envolva disputa e não facilitar ou criar meios para que a criança sempre vença.
É importante dialogar e mostrar durante a brincadeira que o importante é a caminhada com os amigos, e com os outros da coletividade. Que a vitória ou a derrota são apenas etapas de uma caminhada em conjunto.
Pais, educadores, religiosos, autoridades e cidadãos comuns devem se preocupar com a construção dessas competências porque elas são escassas cada vez mais nos contextos familiares e sociais e, sobretudo, ficam cada vez mais desacreditadas quando não se entende que elas precisam ser construídas porque não são naturais.